Dinâmica Não-linear dos Povos

Minha foto
Sociedade M82 de Habilidades e Saberes Político-culturais, criada no Instituto Autonomia para: 1). apoiar a autodeterminação, a autonomia e a liberdades de povos em movimento, como refugiados, (i)migrantes, moradores de rua e nações sem Estado e povos nômades; 2). promover e fortalecer princípios e direitos humanitários universalizados voluntariamente pela reciprocidade entre os povos; 3). capacitar em tecnologias alternativas e emancipatórias.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Por múltiplos auto-governos instituintes

Ao pensar, de maneira corriqueira, qualquer cultura, a primeira coisa que vêm à mente é a pergunta: qual o sentido espiritual que constitui sua base? Pois sabemos que essa situação fundamenta todo o resto. Façamos um experimento de pensamento. Imaginemos o que esse conjunto de fronteiras chamado Brasil seria sem a cultura luso-cristã. Como seriam as instituições sociais, as administrativas e as morais? Como seriam nossos tipos de habitação? As roupas? A culinária? Os meios de transporte? Qual ou quais línguas estaríamos falando? Como seria nossa arte? Enfim, como estaríamos sem o processo continuado de transplantação de cultura?

Tenhamos a certeza de que esse experimento proposto é impossível! Pelo simples fato de que o domínio luso-cristão jamais deixou se influenciar pela participação indígena ou negra. Já do contrário, quanta coisa do catolicismo há nas práticas religiosas dos/as escravos/as-descendentes e dos/as indígenas sobreviventes? Quanto há implantado da prática portuguesa, e também ibérica, na organização de nosso trabalho? Porém, essa impossibilidade pode ser trocada pela possibilidade de escolhermos qual o futuro que gostaríamos viver em nosso presente.

Estamos em um momento histórico onde a descolonização é uma necessidade de sobrevivência. A promessa da felicidade feita pelo comunismo faliu. A utopia do capitalismo em tornar todos/as proprietários/as de porções do paraíso fracassa descaradamente. Descolonizar não significa derramar sangue em mais uma guerra sangrenta. Descolonizar significa insurgir contra o simbólico que visa hegemonizar-se. É insurgir contra o domínio colonial que impõe a assimilação absoluta. É dizer não à incorporação obrigatória à uma vida nacional com realizações previamente definidas. 

Se somos incorporados como mão-de-obra ou produtores especializados, que nossa raíz indígena não abandone seu modo de relação com o trabalho. Enquanto indígenas exijamos revisão do Estatuto do Índio (lei 6001 de 19 de dezembro de 1973) pois, quem foi que disse que é de nosso desejo estarmos em via de integração? Desejamos a autonomia. Se há políticas públicas para integrarmos na vida social brasileira,  após gerações inteiras terem sido reduzidas ao cativeiro, que nossa raíz africana se resitue em liberdade e cultura em pleno desenvolvimento - situação perdida após o século XV com as invasões européias. Enquanto afro-brasileiros exijamos muito mais do que sistemas de cotas; exijamos a auto-determinação.

Que as diversas etnias e culturas encerradas nessas fronteiras chamadas Brasil, façam-se ouvir enquanto auto-governos instituintes.

Nossas saudações libertárias aos povos não-lineares.

_______________________________________
* foto: resistência indígena em Brasília

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

Rádio Não-Linear


MusicPlaylistRingtones
Create a playlist at MixPod.com

Notícias em Tempo Real

As colunas a seguir, "Pessoas em condição de refúgio", "Indígenas", "Quilombos" e "Ciganos/as" são as últimas notícias sobre seus respectivos temas. Atualizadas em tempo real - à cada nova notícia na rede, imediatamente as colunas se atualizam.

Contato Direto


Nome:

E-Mail:

Assunto:

Mensagem:


Seguidores

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO