Somos todos ciganos do Alentejo
Não apenas as Ciências Humanas, mas os astrólogos e até os curandeiros de araque têm insinuado que por debaixo da maior parte de nossos transtornos está a falta, a ausência e a carência de identidade. Começo a admitir essa idéia. Nos anos fascinantes de 68 – por exemplo - uma frase nos muros de Paris alertava: “somos todos judeus alemães”. Na cidade de Taxco - lá pela década de 70 - um ourives jurava que “éramos todos descendentes de vietnamitas”. Em Budapeste ouvi um russo afirmando aos gritos que “todos tínhamos os genes do Cáucaso”. Já, segundo as recentes Teorias da Evolução “somos todos africanos” e agora, com os israelenses imitando os nazis recebo dezenas de e-mails dizendo que “somos todos palestinos”. De minha parte, quando de manhã levo meu cão para mijar sobre a terra e vou observando os trejeitos e os contorcionismos da turba seria capaz de apostar com serenidade que “somos todos ciganos do Alentejo”.
[Texto extraído do blog de Ezio Flavio Bazzo]
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